Envelhecer não é adquirir incapacidades. A dependência funcional é a exceção, e não a regra, no processo de envelhecimento normal. O idoso frágil é aquele indivíduo que apresenta declínio funcional estabelecido e, portanto, não tem mais condição de cuidar de si mesmo. Houve perda na sua capacidade de decisão (autonomia) ou na capacidade de executar o que decidiu (independência), ou ambos. Certamente, a maioria das pessoas tem muito mais medo da dependência do que da própria morte. A morte é algo abstrato, faz parte do “mistério da vida”. Traduz a presença divina em nossas vidas. Por sua vez, a dependência é algo absolutamente concreto, visível e facilmente percebido por todos nós.
Essa nova fase da vida é, portanto, assustadora, pois além da perda da independência, será preciso depender da ajuda do outro. A questão que se impõe é: quem é “esse” outro? Quem será essa pessoa que dividirá com o idoso todos os momentos de sua vida, desde os mais tristes aos mais felizes? Quem será esse novo expectador de tudo que acontece na casa? Claro que, idealmente, todos gostariam que fosse alguém da família, preferencialmente aquele filho, cônjuge, parente ou amigo querido, dedicado, carinhoso, presente em tudo. Mas será que essa pessoa existe ou já existiu realmente? Será que este “ser idealizado” não é fruto do sentimento de dependência que, muitas vezes, trazemos ao longo de nossas vidas, mesmo quando éramos “independentes”? Enfim, nessa nova fase da vida tudo é novidade e sua duração é bastante variável. Usualmente, as causas de incapacidades exigem um cuidado de longa duração, que pode demorar anos.
A família torna-se também completamente envolvida e não há outra opção, além de assumir o ato de cuidar. Ou melhor, sempre existe a opção do abandono, mesmo que seja dentro de casa. Surge, então, a pessoa do cuidador, termo genérico, ainda não muito bem definido e que, muitas vezes, não escolheu espontaneamente a função de cuidar do outro.
Como você gostaria de ser cuidado quando se tornar dependente?
O cuidar é mais do que um ato singular ou uma virtude. Pode ser entendido como um modo de ser, ou seja, a forma como o ser humano se estrutura e se realiza no mundo com os outros. O cuidado permite ir além do atendimento às necessidades básicas do ser humano, no momento em que este se encontra fragilizado.
O cuidador de idosos pode ser um familiar ou uma pessoa contratada (leiga ou um profissional da área de saúde – auxiliar/técnico de enfermagem). Ambos devem estar qualificados para desempenhar corretamente as atividades exigidas, mas, sobretudo, devem ter ciência da função que estão assumindo. O cuidado de longa duração exige preparo, zelo, afeto, desvelo, atenção, com quem se cuida e no que este idoso necessitar. O compromisso de cuidar do outro é um momento em que se pode promover o autocuidado, a autoestima, a autovalorização e a cidadania de quem cuida. É uma via de mão dupla. Cuidar bem do outro só é possível se estivermos cuidando bem de nós mesmos.
Uma das funções do cuidador de idosos é fornecer os serviços necessários que darão suporte ao idoso dependente na realização das atividades de vida diária que não pode mais fazer por si só, apoiando e auxiliando-o nas suas necessidades físicas, sociais, psicológicas e até econômica, contribuindo, assim, para melhorar sua qualidade de vida. Cabe, também, ao cuidador zelar pelo bem-estar, saúde, alimentação, higiene pessoal, educação, cultura e recreação do idoso.
Assim, a pessoa que cuida é de fundamental importância na recuperação e melhoria de vida do idoso, tornando-se um importante elo entre o idoso, a família e a equipe de saúde.
Cuidar de um idoso frágil, seja de maneira informal (quando se é familiar ou amigo do idoso), seja profissionalmente, requer orientações técnicas para oferecer cuidado digno ao idoso com necessidades especiais e, principalmente, para se evitar o agravamento do quadro com atitudes ou cuidados inadequados ou insuficientes. Atuar em prol da qualidade de vida do idoso, seja por meio do controle das doenças e de medidas que evitem piora da fragilidade, deve ser objetivo primordial de quem cuida de idosos frágeis.
Este é um trecho do livro “Fundamentos do Cuidado ao Idoso Frágil” que tem como co-autora Raquel Souza Azevedo, CEO da Helpmy.
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