Sempre que ocorre a queda, apesar de bastante comum, é muito preocupante quando se trata de idosos.
Apesar das pessoas tratarem como uma normalidade do envelhecimento, o fato pode sinalizar indício de fragilidade e a queda acaba acelerando esse processo. O subsistema funcional composto pela postura, marcha e transferência, responsável pelo deslocamento do indivíduo, é fundamental para a capacidade de realizar algo com os próprios meios (execução). A instabilidade postural é a perda da capacidade individual para o deslocamento no ambiente, de forma eficiente e segura. O declínio funcional, o medo de cair e as quedas são as principais complicações. Outro aspecto importante da instabilidade postural e das quedas em idosos é o sentimento de decadência, fracasso, vulnerabilidade, humilhação e, até mesmo, de culpa pela incapacidade de se evitá-las.
A queda:
Se trata de uma mudança de posição inesperada, não intencional, em direção ao chão ou em outro nível mais baixo. Deve estar bem claro que cair não é ‘’normal da idade”. As quedas são frequentes na população idosa, em especial em mulheres (devido a serem mais propensas a ter osteoporose). As quedas estão fortemente associadas a complicações e muitas vezes, são a principal causa de declínio funcional e infelizmente o óbito.
As quedas são frequentemente omitidas pelos idosos e familiares e, quando relatadas, não são valorizadas pelos profissionais da saúde. Essa omissão deve-se, em parte, à ideia de que sua presença é consequência da negligência de quem cuida do idoso, que poderá ser acusado de ter “deixado o idoso cair”.
A grande maioria das quedas não tem nenhuma relação com negligência, nem por parte do idoso, tampouco por parte do cuidador. Esse mito deve ser fortemente combatido, pois só agrava mais ainda o problema. Deve-se evitar acusar o idoso de “falta de cuidado” ou de assustá-lo e preocupa-lo demasiadamente quanto às possíveis complicações das quedas, o que pode agravar mais ainda o sentimento de baixa eficácia ou o medo de cair novamente. É importante deixar claro que o idoso não ‘’cai porque quer”, mas sim por ter algum problema de saúde. Ou seja, a queda é um sinal, que deve ser reconhecido, investigado e tratado adequadamente.
Queda não é sinal de negligência, nem do idoso nem do cuidador, mas sim de um problema de saúde, que deve ser investigado e tratado.
Causas da maioria das quedas:
As quedas podem ter causas internas e externas. As causas internas são secundárias às alterações próprias do processo de envelhecimento e de doenças que podem estar presentes, além de efeitos adversos de medicações. As causas externas estão relacionadas aos riscos presentes no ambiente em que o idoso interage, seja na sua própria casa ou em locais públicos, transporte coletivo, entre outros.
Consequências:
Aproximadamente metade das quedas leva a algum tipo de lesão, que, na maioria das vezes, são contusões menores e escoriações. O que pode evoluir para úlceras e escaras.
Contusões mais graves, fraturas e hematoma subdural ocorrem em cerca de 5% das quedas. A fratura de colo de fêmur, complicação tão temida por sua alta mortalidade e elevado risco de incapacidade permanente, ocorre em apenas 1% das quedas. Por outro lado, mais de 50% dos idosos com quedas de repetição vão desenvolver o medo de cair novamente, gerando o ciclo vicioso da instabilidade postural.
Alguns estudos mostram que acidentes relacionados a quedas correspondem a 40% dos eventos que levam o idoso à institucionalização = levar o idoso a uma instituição de longa permanência para idosos – ILPI ou internação hospitalar.
Lembre-se: Quando acontece uma queda que deixa o paciente acamado por um longo tempo ou indefinidamente, é muito importante saber lidar com esta nova realidade. Temos um Curso de Cuidados com Pacientes Acamados, que também pode ajudar no aprendizado e cuidados.
Alterações próprias de envelhecimento:
Redução do equilíbrio associado à alteração da visão, propriocepção (percepção da localização do corpo) e função vestibular (labirinto); Alterações posturais, como aumento
da cifose torácica e inclinação do tronco para frente; Redução da distância e altura do passo, lentificação da marcha; Mais tendência à fraqueza muscular; Alterações dos pés, como calosidades e joanete.
Doenças ou problemas de saúde:
Hipotensão ortostática: Queda da pressão arterial quando o paciente fica de pé.
Doenças cardiovasculares: Arritmias, insuficiência cardíaca, crise hipertensiva, valvulopatia, etc.
Doenças neurológicas: Doença de Parkinson, doença de Alzheimer, acidente vascular cerebral, tumor cerebral, epilepsia, delirium, etc.
Outros: Labirintopatias; Redução da audição; Osteoartrite e fraqueza muscular (sarcopenia); Depressão; Incontinência ou urgência miccional.
Dicas:
Alguns cuidados específicos devem ser tomados ao longo do dia, pois são fatores de risco para quedas. O uso de bengalas pode ser útil para alguns idosos. A indicação de dispositivos de auxílio para deambulação deve ser feita por profissionais habilitados, pois, caso contrário, podem agravar mais ainda a instabilidade postural e o risco de quedas.
As principais vantagens da bengala são:
- aumentar a base de apoio;
- melhorar o equilíbrio e diminui a dor;
- diminuir a carga de apoio nos membros inferiores no máximo em 20% do peso corporal;
- ajudar na aceleração e desaceleração da marcha.
Como citado acima, uma das piores consequências das quedas são as lesões que elas causam e a gravidade das mesmas. Clique aqui, para saber mais sobre lesões em idosos e seus devidos cuidados.
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